O alto escalão e a estratégia
- Felipe Nogueira
- 3 de set. de 2019
- 2 min de leitura

O alto escalão de uma empresa tem uma natureza de trabalho diferenciada dos demais funcionários. Isso acontece porque eles têm que responder e interagir com o ambiente externo complexo e imprevisível, além de gerenciar as diferentes e interdependentes unidades internas da empresa.
Nas décadas de 80 e 90, o(a) Presidente/Dono(a) da empresa se responsabilizava por questões estratégicas, relações com o ambiente externo e governança empresarial, enquanto o Diretor(a)/Gerente Operacional se responsabilizava por administrar a empresa internamente e suas operações.
Aos poucos, o topo das empresas foi migrando para uma visão de um time de executivos/gerentes que se reportam ao Presidente/Dono. Para essa estrutura denominamos time de alto escalão. Uma equipe de executivos/gerentes elevados para fazer a tarefa que cabia ao Diretor/Gerente Operacional e podendo, inclusive, executar atividades do Presidente/Dono, como formulação de estratégias e relações com entidades do ambiente externo.
Na prática, as pessoas que compõem o time de alta gestão passam a raciocinar mais como proprietários da empresa do que como meros funcionários e, portanto, a tendência é de que elas se comprometam mais com as estratégias e os resultados da organização.
No entanto, não basta apenas alterar o desenho do organograma. Isso não surte o efeito desejado se não vier acompanhado do empoderamento do time de alta gestão assumindo o papel de fornecer liderança estratégica, operacional e institucional para a empresa. Cada membro é responsável por mais do que somente a sua fatia da organização.
Em algumas empresas menores ou em empresas familiares, o poder está concentrado na mão do(a) Presidente ou Dono(a). Nesses casos, é importante o compartilhamento da estratégia com o time de alta gestão. Presidentes/Donos dominadores, que concentram poder na sua alçada, contribuem para baixa performance da empresa em ambientes turbulentos e complexos.
Quando o Presidente/Dono divide responsabilidades e projetos com sua equipe de alta gestão, ele acaba delegando uma certa dose de poder e de autonomia, diferente da simples delegação de tarefas que é transferida para o time operacional e até para a média gestão. Dessa forma, as estratégias e resultados da empresa também são frutos da equipe que está próxima ao centro do poder.
Mudanças no time de alta gestão, normalmente, ocorrem por esforços intencionais para realinhar perfis gerenciais ou por iniciativa dos próprios membros do time que não se considerem aptos para atuar num novo contexto. Mudanças demandam que os executivos mudem seus mapas mentais, o que pode ser difícil. Em casos assim, podem ocorrer substituições por outros que possuam características mais apropriadas para contribuir na tomada de decisões adequadas ao cenário.

Compor um bom time de alta gestão é fundamental para gerar sinergia, de modo que a soma das partes isoladas seja maior que o todo, em termos de geração de valor para o negócio.
Um time de alta gestão com boa sinergia tem capacidade para produzir decisões estratégicas e operacionais de melhor qualidade, tem maior capacidade para traduzir as decisões em ações e, assim, gerar resultados superiores. Além disso, o fato de ter mais de um membro na direção executiva, realizando formulação de estratégias, confere maior legitimidade ao processo estratégico.
Fonte: Nogueira, Felipe P. O papel do time de alta gestão na implementação de uma estratégia / Felipe P. Nogueira – 2019 – Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Comentários