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O Embeddedness estrutural e o interlock corporativo




        A imersão social através dos relacionamentos entre indivíduos e organizações caracteriza o Embeddedness. O Interlock corporativo se dá quando uma pessoa afiliada a uma organização possui um posicionamento dentro de um conselho de diretores de uma outra organização.


        Tomando por base esses princípios, algumas reflexões emergem sobre o caminho futuro da governança corporativa, das reuniões de conselhos e diretores, do processo de decisão dentro da sala do conselho, das fontes de poder e influência possuídas pelos diretores e como a imersão do conselho nas estratégias corporativas podem afetar o processo decisório.


     Os interlocks de conselheiros são fontes críticas de acesso ao capital social das organizações, o que torna a análise sobre os componentes – recursos, informações, acesso dos diretores a oportunidades – que permeiam os conselhos seja essencial para a compreensão desse assunto.


        Neste artigo, abordamos o interlock corporativo para observar o embeddedness estrutural da rede das empresas listadas na BM&FBovespa – atualmente B3 Bolsa de Valores. Antes, é preciso entender a função dos conselhos.


     Os conselhos organizacionais pertencem à estrutura de governança corporativa das organizações, às quais são responsáveis pela estrutura e sistemas de controle, sendo ainda de responsabilidade dos gestores buscar formas para operacionalizá-las. Os conselhos são compreendidos por indivíduos eleitos ou apontados para, juntamente com a gestão da empresa, supervisionar as atividades das organizações sem necessariamente estar presente nas atividades cotidianas das organizações. Em momentos de tomadas de decisões cotidianas, os conselhos são importantes para as organizações na forma com ela interage com as demandas externas e a estratégia interna.


      A natureza dos conselhos das organizações tem como uma de suas características a interação entre os mais diversos tipos de diretores das mais diversas áreas da economia, a fim de se obter diferentes visões do mercado e, com isso, alcançar os objetivos estratégicos das organizações.



       O conselho também é parte responsável por supervisionar as atividades dos gestores e demais funcionários da empresa. Além disso, o relacionamento na governança corporativa pode ser considerado uma cadeia para o modelo da teoria principal-agente. Os beneficiários são os “principais” extremos e os gestores de investimentos são os “agentes” em termos de alcançar bons retornos sobre seus investimentos.


        Os conselheiros também são “principais”, com os altos executivos sendo os seus agentes na gestão da empresa. Há muitas camadas de agentes entre os extremos superiores e inferiores, com o mecanismo de comunicação entre eles passível de ser imperfeito, seja por desalinhamento de incentivos ou controles, seja pelo auto interesse de cada indivíduo.


        Em levantamento prévio, foi possível constatar que dentro da variedade de empresas com o capital aberto na antiga BM&FBovespa, uma diversidade de perfis dos profissionais participantes dos conselhos daquelas organizações. Sendo profissionais das mais diversas áreas e que participam de um ou mais conselhos ao mesmo tempo, fato esse que se ajusta ao perfil para o interlock corporativo de diretores.


       Normalmente, o número de participantes dos conselhos está relacionado diretamente ao tamanho da organização. Dentro dos conselhos se encontram, em sua maioria, os CEOs (Chief Executive Officer), alguns diretores e outros indivíduos ligados diretamente às atividades da organização, inclusive conselheiros vindos de fora da organização.


        A presença de um conselheiro afiliado ao conselho de uma outra organização já caracteriza o interlock entre ambas as organizações.


        Tem-se por dedução que nessa interligação seja possível os indivíduos obterem visão mais ampla sobre o negócio que estão supervisionando.


        As relações entre as organizações estão diretamente vinculadas com as relações sociais. Com o objetivo de entender a probabilidade da interação entre os diretores para gerar uma similaridade de comportamento quanto às estratégias de aquisição corporativa é possível presumir que, a partir da interação entre os participantes das reuniões dos conselhos administrativos, a troca de informações, tanto interna (organizacional) como externa (conselheiros e outros stakeholders), pode ser uma forma de moldar o comportamento dos gestores para a tomada de decisão sobre as suas estratégias de crescimento.


        É possível deduzir que as interações entre os membros dos conselhos podem desenvolver laços mais estreitos entre eles, o que desenvolveria certa confiança, respeito ou criação de status positivo para a abertura de novos negócios entre eles, inclusive fusões, aquisições ou alianças. No entanto, o simples fato de haver o interlock entre diretores não prediz a formação de alianças estratégicas. Já a relação entre o CEO e os diretores teria correlação positiva quanto ao aumento das formações de alianças.


        Os efeitos que o interlock corporativo pode trazer para o comportamento de aquisições corporativas das empresas podem ser mensurados pela medida de status estrutural, o que será tratado em outro artigo e estará disponível na área de conhecimento da DF7 Consultoria Administrativa.

Fonte: Nogueira, Danillo P. Embeddedness estrutural e o status como deferência simbólica das empresas listadas na BM&F Bovespa: o efeito no comportamento de aquisições corporativas / Danillo P. Nogueira – 2015 – Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná.


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